
Por Deysi Sousa
Colaboradora no Soror Studio e apaixonada por empreendedorismo e autodesenvolvimento.
A primeira vez que ouvi falar do livro Essencialismo foi com esse vídeo aqui:
Minimalista e sempre encantada com essas discussões sobre ter menos e não mais, fiquei intrigada com o título: a busca disciplinada por menos.
Na hora eu não sabia, mas esse é justamente o subtítulo do livro do Greg McKeown.
No vídeo há trechos de uma entrevista que o YouTuber Matt D'Avella fez com o autor e vale muito a pena assistir, é sempre interessante escutar os próprios autores discutirem a sua obra e o sotaque britânico também ajuda! haha
Depois desse vídeo procurei o livro para ler no Kindle e já sabia que ele seria o próximo assunto aqui do blog.
Existe muito conteúdo sobre ele por aí e por isso não quis fazer uma espécie de resumo. Pensei que seria interessante o bom e velho post “em tópicos”, então escolhi 10 principais ideias do livro, selecionadas pela forma como me impactaram e em quanto eu acho que poderia acrescentar falando mais sobre elas.
Então vamos lá!
1. Se você não definir as suas prioridades, outra pessoa o faráEssa é definitivamente uma das ideias do livro que vai ficar na minha vida. No vídeo e no livro o autor conta uma história de quando a esposa dele foi dar à luz e ele tinha recebido um email do trabalho que falava mais ou menos assim: “olha, essa data é um pouco ruim para a sua esposa ter um bebê, pois teremos uma reunião”. Greg conta que mesmo se esse email fosse uma brincadeira, o que talvez fosse, aquilo entrou na cabeça dele e o fez tentar equilibrar as duas coisas. Naquele momento ele deixou de focar completamente no que era mais importante, sua esposa e sua filha recém-nascida, e deixou sua mente ficar dividida por outra coisa, que, por mais que fosse importante, não era o principal naquele momento. E o resultado? Ele foi para a reunião e se arrependeu. Nada de bom veio daquela reunião e, mesmo se tivesse sido boa, não valeria a troca de nenhuma maneira.
Essa história me marcou muito porque quantas vezes nós deixamos a nossa mente se dividir entre coisas sem conseguir priorizar o que é principal naquele EXATO momento? O problema maior aqui não é dizer que uma coisa importa e a outra não. O desafio maior é saber distinguir o essencial e a prioridade justamente quando mais de uma coisa é importante na sua vida, no exato momento em que as opções vão se mostrando na sua realidade e tudo parece “bom” e importante.
Se nesses momentos de escolha, você não tiver clareza sobre o que é sempre essencial em primeiro lugar, a vida vai acabar definindo por você, seja na figura dos seus pais, chefe, família, colegas de trabalho ou até mesmo amigos com boas intenções.
Só você pode definir e defender o que é essencial perante todo o resto.
2. Quando esquecemos do nosso poder de escolha, a vida escolhe por nósEssa pode parecer ser parecida com a primeira reflexão e até certo ponto é, mas aqui quero focar nessa palavra tão esquecida: escolha.
Muitas vezes vamos esquecendo ao longo da vida que sempre podemos escolher. Sim, algumas coisas fogem do nosso controle. E sim, muitas vezes precisamos aceitar algo que não queremos. Mas mesmo nessas situações, acredito que é importante lembrar que sempre há escolha. No mínimo a escolha de como reagir ao que a vida nos trouxe.
Pode se tornar confortável acreditar que você não tem escolha de algo, porque assim isso tira a responsabilidade de você, mas, no geral, em muitos momentos, houve sim um momento em que era possível ir por outro caminho. Houve um momento em que você poderia ter dito não.
E talvez você não disse porque isso tornaria tudo mais difícil, mas apenas saber que o “não” era uma possibilidade faz uma total diferença em como podemos nos sentir mais no controle sobre nossas realidades e nosso destino. É empoderador ter consciência do nosso poder de escolha e não esquecer que ele sempre está conosco.
3. A grande maioria das coisas não possui real importânciaEu simplesmente amo essa ideia. Não sei se é porque tenho sentido isso com relação a objetos, mas trazer essa ideia para tudo na vida me traz uma sensação de liberdade imensa.
Somos puxados todos os dias por várias direções para resolver problemas nas mais diversas áreas da vida e nossa atenção é constantemente dividida. E-mails, notificações no celular constantes, obrigações no trabalho, obrigações com a família, agenda cheia, saúde física, saúde mental…
Pare e pense em um pouco: em um dia comum, em quantas áreas diferentes sua atenção se divide?
Vivemos constantemente mudando nosso foco em mil direções e isso cansa, nos exaure e, principalmente, pode nos fazer sentir que não estamos sendo bons em nada.
Por isso essa ideia, “a grande maioria das coisas não possuem real importância”, pode ser tão libertadora. Porque no momento que você descobre o que realmente possui real importância para você, e isso vai mudar de pessoa para pessoa, sua mente pode respirar e seu foco não precisa mais ser dividido em tantas direções. E mesmo se tudo parecer importante, o simples ato de saber priorizar a coisa certa no momento certo já pode ajudar.
4. Se em cada escolha há uma perda, você precisar escolher bem o que vai perderNão podemos fazer tudo. E quanto mais tentamos, mais nos frustramos e sentimos que não fazemos nada.
Tudo que decidimos fazer em determinado momento significa que não estamos fazendo outra coisa, então em cada escolha perdemos essa infinitude de opções que temos.
Como então aceitar isso e ter certeza de que estamos fazendo o que deveríamos em cada momento?
É uma pergunta complexa que não me atrevo a tentar responder, mas acho que começa quando refletimos sobre o que estamos perdendo a cada momento.
Se deixamos de ir para a academia à noite para trabalhar mais, estamos perdendo naquele momento a chance de cuidarmos da nossa saúde física para focarmos mais no trabalho. O que é mais importante nesse momento? Só nós podemos saber. Se estamos em um projeto super importante, talvez realmente seja o certo continuar trabalhando. Se já priorizamos o trabalho por meses, talvez o principal agora seja ir para a academia. Percebem como tudo pode mudar em cada momento? A dificuldade é ter a sabedoria para fazer a escolha certa considerando o que você perde do outro lado e se essa perda agora vale menos que o resultado que você espera ganhar com a outra atividade.
Não podemos ter tudo o tempo todo. Tudo o que podemos fazer é tentar priorizar as coisas certas no momento certo e dar o nosso melhor em cada escolha.

5. Quando foi a última vez que você fez algo sem motivo racional?
No livro o autor comenta sobre a importância da brincadeira e define brincadeira como qualquer coisa que você faz sem motivo, que você faz simplesmente pelo prazer de fazer.
Honestamente, qual a última vez que você fez isso? Atualmente até atividades consideradas de lazer podem se tornar algo racional, como por exemplo quando decidimos assistir um filme só porque ele pode virar um bom post no Instagram ou ler um livro só porque ele está sendo comentado por todo mundo e você não quer ficar de fora. E não há nada de errado nisso, o problema é quando TODAS as nossas ações são vistas dentro da lógica: “o que vou ganhar com isso?”
Quando crianças brincamos naturalmente. Nos distraímos com qualquer coisa e passamos horas fazendo algo simplesmente porque temos vontade, sem pensar em nada além disso. À medida que vamos crescendo essa habilidade se perde, o tempo fica tomado pelas atividades “úteis” e assim nossa vida é regida apenas pela troca racional de valor, por assim dizer.
É importante tentar acrescentar mais momentos de brincadeira na vida, momentos em que estamos fazendo qualquer coisa simplesmente porque queremos e nada mais.
6. O seu principal patrimônio é você mesmoEssa é aquele tipo de informação óbvia, mas que muitas vezes fica esquecida lá no fundinho da mente.
Tudo o que você espera usufruir dessa vida só vai poder acontecer se você estiver aqui, vivo e saudável para viver a experiência.
Enquanto estamos na corrida dos ratos, parece natural deixar para depois qualquer tipo de atividade e cuidado que não esteja diretamente ligada a trabalho ou a dinheiro.
É necessária uma disciplina muito grande para manter as 8 horas de sono diárias, a atividade física, consumo adequado de água e uma alimentação razoavelmente saudável.
Podemos facilmente cair na ilusão de que essas coisas estão apenas tomando o nosso tempo, tempo valioso em que poderíamos estar trabalhando, e que podemos fazer tudo isso depois.
O problema é que esse depois nunca é bem definido. E ele pode mudar a qualquer momento. Não sabemos nossa linha de chegada e, principalmente, não sabemos quando ela vai acontecer. E, mesmo que ela chegue, de que tudo terá adiantado se estivermos doentes, física e/ou mentalmente, e apenas uma sombra de quem éramos?
Você é o seu maior patrimônio e precisa cuidar dele, mais e melhor do que cuidar de qualquer outra coisa. Não estou querendo dizer que é errado se dedicar e focar nossa energia nos nossos objetivos, e em alguns momentos vai ser necessário um esforço a mais, sem dúvidas, mas nunca esqueça de ver isso como algo excepcional e não faça do descuido pessoal a sua rotina. A longo prazo, independente do que você conquiste, as consequências podem ofuscar a alegria da conquista e então de que terá valido a pena?
7. Se não for um sim óbvio, então deveria ser um não óbvioEssa é uma das reflexões mais difíceis para mim. É muito difícil saber diferenciar o que realmente quero fazer do que eu acho que preciso fazer, seja por mim ou pelos outros.
Requer uma sabedoria para analisar certa opção e decidir que se aquilo não faz total sentido, é melhor dizer não.
Se algo lhe é oferecido, e o sim não surge de forma natural e ÓBVIA, então o não deveria ser igualmente óbvio.
Porém, na prática, isso é difícil por vários motivos. Primeiro, vem a culpa de recusar algo e acabar decepcionando alguém. Segundo, talvez o “sim óbvio” não tenha surgido não porque aquilo não é bom, mas porque você está com medo de aceitar e outras coisas estão na sua mente.
Essa clareza de saber quando dizer sim e quando dizer não e viver em paz com cada decisão é uma jornada. É preciso praticar, se autoconhecer e entender o que é essencial antes de cada decisão para você e não para qualquer outra pessoa.
8. Você sabe dizer não para tudo o que não é essencial?E continuando sobre o assunto anterior, surge o principal obstáculo para uma vida focada no essencial: saber dizer não.
No livro Essencialismo o autor foca bastante nesse ponto. Sobre saber dizer não, mas um não com delicadeza e respeito, um não que acaba trazendo o respeito das pessoas a longo prazo.
Nossa atenção é disputada por muitos pedidos todo o tempo. E dizer não a alguém traz consigo o medo inerente de magoar aquela pessoa, de prejudicar o relacionamento ou até mesmo de sermos julgados como egoístas.
Mas o que autor descobriu praticando o não na sua vida é que, a longo prazo, dizer não para as pessoas trouxe para ele o respeito delas.
Sim, dizer "não" pode não lhe trazer muita popularidade no curto prazo, mas as pessoas respeitam aqueles que parecem focados nos seus objetivos e sabem definir seus próprios limites e prioridades.
Se você sabe dizer "não" com delicadeza e tem um bom motivo para isso, as pessoas podem até ficar chateadas em um primeiro momento, mas logo vão perceber o quanto você é responsável e consciente do seu próprio tempo e esforço e até mesmo o quanto você as respeita a ponto de não dar respostas vagas ou falso otimismo.
Sabe aquele amigo que ao invés de dizer não, diz que vai pensar, mas que você já sabe que ele não irá tomar aquele café para o qual você o convidou? Esse ato de ser vago e não saber dizer não de forma clara pode machucar ainda mais e frustrar as expectativas dos outros, tornando você aquela pessoa que não respeita o seu tempo nem o deles como deveria.
9. Não temos controle do que pode acontecer, apenas de como podemos nos prepararUm conceito muito interessante que o autor traz é o de buffer ou margem de segurança. Seria basicamente viver a vida sempre colocando margens porque é quase certo que as coisas não vão ser como você esperava.
Se o Google Maps diz que vai levar 15 minutos para você chegar em algum lugar, é menos estressante sair de casa 30 minutos antes para não se preocupar caso haja algum engarrafamento ou qualquer mudança de última hora.
Se você fez todos os cálculos e acha que o prazo de um projeto é 1 mês, provavelmente seja mais sábio acrescentar 10 dias extras.
Todos esses números são arbitrários e claro que podem mudar de situação para situação, mas a lógica é a seguinte: a única certeza é que tudo pode mudar. Não temos controle do que pode acontecer, apenas de como nos preparamos.
Viver a nossa vida no limite, sempre achando que tudo será perfeito e estabelecendo os menores prazos possíveis é um grande causador de stress e desespero.
Cada margem de segurança que você coloca nas suas obrigações traz mais paz e pode ser a diferença entre terminar algo com alegria ou com uma sensação de corrida contra o tempo.
Sobre esse conceito, eu fiz algo que tem me ajudado muito: no Google Agenda eu coloco sempre que um compromisso começa 15 minutos antes do que a realidade. E é incrível como mesmo racionalmente sabendo que eu fiz isso de propósito, a minha mente simplesmente esquece isso no dia e eu vivo a minha vida com essa margem. Agora é mais difícil eu me atrasar, ficar estressada no Uber ou perder qualquer coisa. Sinto-me mais responsável, no controle e com a confiança de que vou conseguir resolver algum problema que surgir.
Tente aplicar esse conceito de margem de segurança em algumas áreas da sua vida, da forma que fizer sentido para você e veja o que acontece.

Tenho visto essa frase em todo lugar. Na meditação, na yoga, nas leituras sobre ansiedade, na terapia… Como algo tão simples pode ser tão difícil de aceitarmos, não é?
A única coisa que temos é o agora, o que estamos fazendo agora e o que estamos escolhendo agora.
Manter nossos pensamentos nas frustrações do passado ou nas incertezas do futuro apenas nos afasta do presente e de qualquer sentimento de paz.
Mesmo quando planejamos algo, é importante manter o foco no presente e ser flexível com esse plano à medida em que o tempo vai passando.
Só estamos realmente vivendo quando nossa mente, corpo e espírito estão presentes no agora, seja em qualquer atividade que estejamos realizando.
Essa consciência é talvez a principal para uma vida realmente essencial, pois sem ela não conseguimos de fato enxergar como transformar os nossos momentos, cada um deles, na busca pelo que nos realmente importa.
Por fim...
Ser essencial não deve ser algo que você faz de vez em quando, é algo que se é. Viver essencialmente é fazer a cada momento presente exatamente o que você deveria estar fazendo baseado no que você definiu como essencial na sua vida.
Com certeza não é fácil e com certeza não é algo que você desenvolve de um dia para o outro.
Mas, por hoje, apenas pense sobre isso. Se puder leia o livro Essencialismo e faça suas próprias reflexões. Começar no momento presente é tudo o que podemos fazer e a busca disciplinada por menos nunca vai ser fácil, mas, surpresa, é essencial para uma vida que faça sentido com o que realmente importa.