Girlboss: lições valiosas sobre o livro, a série e a história da Nasty Gal

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11min de leitura

Por Deysi Sousa

Colaboradora no Soror Studio e apaixonada por empreendedorismo e autodesenvolvimento.

Comecei a ler o livro Girlboss há pelo menos uns dois anos atrás. Por algum motivo li apenas uns 40% do livro e parei. Não é que eu estivesse achando o livro ruim, pelo contrário, lembro que eu estava gostando. Mas simplesmente parei. Desde então de vez em quando ficava vendo-o por aqui no meu Kindle como quem diz: vooooolta.Lembro também que quando a série na Netflix foi lançada fiquei empolgadíssima para assistir, até que comecei a ler as enxurradas de críticas e acabei me esquecendo dela.Bom, avançamos para o futuro e quando eu estava decidindo semana passada o assunto do próximo texto aqui para o blog decidi que seria sobre o livro Girlboss. Essa ideia era boa por dois motivos: primeiro me obrigaria a terminar o livro e segundo ela encaixava perfeitamente aqui no Soror.Hoje em dia a expressão #girlboss é extremamente difundida e principalmente usada para descrever mulheres que são donas do próprio negócio.Quando Sophia Amoruso, fundadora da Nasty Gal, escreveu o livro acho que nem ela poderia imaginar o quanto essa terminologia ficaria popular e em tão pouco tempo.Apesar da própria Sophia não usar essa expressão apenas para empreendedoras, mas para mulheres em geral que trabalham (e batalham) para estar no controle das próprias vidas, obviamente #girlboss se tornou um termo extremamente popular para empreendedoras e aspirantes.Quem não lembra que há um tempinho atrás era super comum encontrar nas bios do Instagram: Fulana de Tal, #girlboss na @empresatal. Ainda hoje vejo de vez em quando.O fato é que o livro e a história de Sophia são extremamente inspiradores por vários motivos:1 - Ela começou extremamente jovem, do absoluto zero e sem capital nenhum;

2 -  Criou uma empresa multimilionária sem nunca ter feito empréstimos ou nada do tipo (como ela explica, não por opção dela, mas ainda assim);

3 - Tudo começou com uma ideia simples, porém genial;

4 - Ela usou uma paixão própria e sua personalidade no negócio;

5 - Trabalhou muito, muito, muito - e isso a fez chegar lá.Talvez a maioria das pessoas aqui já conheça a história de Sophia, mas segue um resuminho: aos 22 anos ela começou uma loja no Ebay chamada Nasty Gal Vintage onde ela revendia peças que encontrava em brechós e muitas vezes melhorava-as, além de produzir sozinha os looks e as fotos. A loja em pouco tempo tornou-se um grande sucesso com um público fiel de mulheres jovens que adoravam comprar da marca. Após ter saído do Ebay, ela começou o seu próprio site e, como já havia conquistado essa comunidade fiel, o site foi um sucesso.Muito além de vender peças vintage, como outras concorrentes faziam, Sophia se destacou pelo estilo dos looks, pelo tipo de fotografia que fazia para destacá-los e, principalmente, pela personalidade forte da marca que fez com que muitas mulheres desejassem ter aquele mesmo tipo de personalidade: cool, forte, diferente.Resultado: com uma receita de 223 mil dólares em 2008, em 2011 esse número já estava em 23 milhões de dólares. Invejável, não?A leitura do livro Girlboss é leve e divertida, mas cheia de pequenas grandes pérolas que me fizeram sair marcando mais coisas do que o que eu imaginava e são algumas delas que gostaria de trazer aqui hoje para conversarmos. Vamos lá?Algumas lições valiosas do livro Girlboss

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1 - “Quando você cuida das coisas pequenas, fica satisfeito em ver que as coisas grandes costumam acontecer com muito mais facilidade.”A importância dos detalhes. Aqui não é sobre tentar ser perfeito, mas entender que quando você é atenciosa e tenta fazer tudo, inclusive as pequenas coisas, da melhor forma possível, tudo isso vira uma reação em cadeia que faz com que as coisas grandes também aconteçam com mais facilidade. Cada foto de produto, cada descrição no seu site, cada post do Instagram… Tudo isso pode parecer minúsculo, e é, mas são essas pequenas coisas que quando acumuladas resultam em algo muito maior que é a sua marca e como ela é vista pelas pessoas.2 - “O primeiro conselho que eu posso dar a você é aprender a separar o seu dinheiro das suas emoções o máximo que puder.”Talvez essa devesse ser a primeira frase em todos os livros de Finanças? rs Quantas vezes realizamos gastos porque estamos nos sentindo de alguma forma? Quantas vezes deixamos de fazer algum gasto importante porque ele não nos faz sentir como gostaríamos? Intuição é algo importantíssimo, claro, mas tente separar isso de gastos emocionais. De compras que muitas vezes são feitas apenas para tentar suprir algum vazio que elas nunca irão conseguir. Se controlarmos as nossas ações que resultam de emoções, já teremos controlado muita coisa nessa vida. Pense nisso em relação à sua administração financeira, tanto pessoal quanto da sua empresa.3 - “É apenas o reconhecimento do fato de que nós controlamos os nossos pensamentos e os nossos pensamentos controlam a nossa vida.”O que pensamos e a forma como pensamos simplesmente desencadeiam todas as nossas ações. Pensar que podemos fazer algo é o primeiro passo para realmente tentar fazer esse algo. Pensar que a vida é boa, que está melhorando, que o dia teve mais coisas boas do que ruins… Pode realmente te ajudar a ter dias melhores. Não é sobre pensamento positivo acima de todas as coisas ou a tal positividade tóxica (que é péssima sim), mas sobre entender que tudo começa nos nossos pensamentos e que, apesar de difícil, precisamos tentar controlá-los e modificá-los para que isso também mude a nossa vida.4 - “Quem dá ouvidos ao resto do mundo é quem fracassa, e quem tem autoconfiança suficiente para definir o que é sucesso e o que é fracasso para si mesma é quem tem sucesso.”Precisa dizer mais alguma coisa? As pessoas e o mundo inteiro ao nosso redor tem suas definições próprias de sucesso e fracasso e, muitas vezes sem perceber, vamos sendo influenciados por todos esses fatores externos e acabamos nos sentindo perdidos, sem saber de fato o que queremos ou o que nos faria feliz. Você precisa definir antes de tudo para si mesma o que esses conceitos significam para você e o que de fato te faria se sentir feliz e bem sucedida ou o contrário. Enquanto não fizer isso, talvez esteja lutando com base nas definições de outras pessoas que no final não irão fazer sentido para você, mesmo se você "chegar lá".5 - “Não importa onde você está na vida, você vai poupar muito tempo ao não se preocupar demais com o que os outros pensam de você. Quanto mais cedo na vida puder aprender isso, mais fácil será o resto que virá depois.”Já podemos tatuar isso na testa? Se eu pudesse talvez criar um botão que fizesse qualquer coisa, queria um que eu pudesse apertar para nunca mais me preocupar demais com o que pensam de mim. Perdemos tempo, sanidade e oportunidades todas as vezes que deixamos de agir por causa do que outras pessoas irão pensar sobre nós. Muitas vezes inclusive pessoas com as quais nós NÃO nos importamos ou nem ao menos gostamos. Isso é algo muito difícil (e algo com certeza a ser trabalhado em terapia), mas pelo menos pense um pouco sobre isso hoje. O que você está perdendo por conta dos pensamentos dos outros? O que está deixando de fazer (e ganhar) por causa de pessoas que de modo geral não influenciam na sua qualidade de vida?

Imagem retirada daqui.

6 - “Pode me chamar de louca, mas eu realmente acredito que a Nasty Gal é um sentimento. E ainda que a nossa comunidade esteja em muitos lugares diferentes, é esse sentimento que unifica as nossas clientes e nos torna algo que vai muito além de vender roupas.”Se isso não é o poder do branding e das comunidades, eu não sei o que é. Hoje mais do que nunca precisamos criar marcas que encantem os clientes não só pelos produtos, mas também pelo que a marca representa, defende, transmite e acredita. Só é possível criar essa comunidade fiel de pessoas à sua marca, se elas sentem que compartilham com ela seus valores, ideias e visão de mundo. Pessoas mais do que nunca não compram apenas produtos, mas sim ideias e posicionamento.7 - “...tem uma definição famosa de “empreendedorismo” como sendo “a busca por uma oportunidade sem levar em conta os recursos disponíveis no momento”. Eu assino embaixo dessa definição…”E não é a mais pura verdade para a maioria de nós? Para dar o pulo assustador do empreendedorismo muitas vezes precisamos nos “fazer de doidas” para a nossa realidade, os nossos recursos, para o que seria possível ou impossível. Planejamento e administração financeira são essenciais, claro, mas quantas vezes você olhou para tudo, pensou que seria difícil, mas mesmo assim arriscou continuar? São esses pequenos momentos e decisões corajosas que no fim das contas te fazem capaz de ser algo tão corajoso como ser uma empreendedora.8 - “Em tudo o que fizer, você não vai se destacar se não pensar grande e não tiver ideias que sejam verdadeiramente singulares. Isso vem de fazer uso da sua própria criatividade e não de ficar obcecada com o que todas as outras pessoas estão fazendo.”Essa citação me faz lembrar do meme “pílulas difíceis demais para serem engolidas”. Quantas vezes deixamos de ter as nossas próprias grandes ideias porque estamos ocupadas demais acompanhando todas as outras pessoas e as ideias delas? É claro que saber de uma forma geral o que a concorrência está aprontando é sempre importante, mas não pode se tornar importante demais. E principalmente não pode te cegar para o que VOCÊ poderia fazer e criar. É realmente extremamente necessário olhar um pouco mais para si. Apenas a partir disso suas ideias especiais e únicas irão surgir e poderão ganhar o mundo.9 - “A última coisa com a qual eu concordaria são as regras de moda. No entanto, acredito que você deve, sim, dedicar um esforço ao que você veste. A roupa é, em última análise, a armadura com a qual batalhamos contra o mundo. Quando você escolhe bem as suas roupas, você se sente bem. E não há nada superficial em se sentir bem."Achei importante colocar essa citação aqui não só pela parte da importância de se sentir bem com o que se veste, mas principalmente por isso: “não há nada superficial em se sentir bem”. Todas nós já sentimos isso: aquele dia em que saímos de casa nos sentindo confiantes e completamente em paz com quem somos. E foi muito mais fácil viver aquele dia por causa disso, certo? Seja pelas roupas ou por qualquer outra coisa que te faça sentir bem e confiante: valorize isso. Cuide disso. Reserve um tempo para priorizar essas características e tente ao máximo se sentir bem dentro da própria pele. Quando nos sentimos bem com nós mesmas, as pessoas percebem. E isso muda tudo. Desde nossa coragem para enfrentar as batalhas do dia, como também como as outras pessoas irão responder a nós. 10 - “Qualquer pessoa que quisesse fazer uma aposta certa, nos negócios ou na vida, jamais teria apostado dinheiro em mim. Mas isso não me dissuadiu de apostar em mim mesma.”Em última instância, você precisa ser a maior investidora e fã de si mesma. Você precisa acreditar no seu âmago que é capaz de conseguir seja lá o que você quer. As coisas continuarão sendo difíceis? Sim, claro. Mas se você não acreditar em si ninguém mais o fará. E se você não conseguir convencer você mesma, sua primeira cliente, que o que você tem a oferecer é valioso, como poderá convencer qualquer outra pessoa?A queda da Nasty Gal e o que podemos aprender com isso

Bom, nem tudo são flores, né? Logo depois do livro Girlboss ser publicado em 2014, no começo de 2015 Sophia Amoruso anunciou que iria deixar o cargo de CEO na Nasty Gal. No final de 2016 a empresa anunciou falência e no começo de 2017 a empresa foi comprada pelo grupo Boohoo por apenas 20 milhões de dólares, uma mixaria comparado com o que a empresa chegou a valer nos seus bons tempos.Muitas coisas aconteceram, incluindo processos de mulheres que alegaram ter sido demitidas após ficarem grávidas e vários comentários sobre a cultura tóxica de trabalho na empresa. Algumas pessoas também chegaram a comentar sobre como a cultura da empresa foi se perdendo ao longo do tempo e do seu crescimento, sem que a liderança de Sophia fosse suficiente para manter a empresa com sua identidade intacta.Acredito que a primeira lição que podemos tirar disso é que até grandes empreendedores fracassam. Pessoalmente não acho que o fracasso da Nasty Gal retire todos os méritos do que Sophia conseguiu criar partindo do zero. Estamos sempre sujeitos ao erro e ao fracasso, mas o pior de todos é nunca tentar nada e nem ao menos ter o que perder, concordam?A segunda lição é que vale a pena a reflexão sobre como é difícil manter numa empresa em expansão tudo aquilo que a fez crescer em primeiro lugar. Aumentam as vendas, os funcionários, as sedes, as maneiras de comunicação… Como garantir, como empresária, que sua empresa continuará mantendo a essência do início mesmo após um vasto crescimento? Não vou me atrever a responder essa pergunta agora, mas deixo aqui a reflexão.O próximo passo de Sophia Amoruso foi fundar a Girlboss Media criando conteúdo para mulheres. Como podemos ver, com o sucesso do seu livro e sua história ela pôde criar um novo negócio e fazer do limão uma limonada. Tem coisa mais empreendedora que isso? Infelizmente com o começo da pandemia ano passado o negócio perdeu boa parte da sua fonte de renda (eventos) e Sophia saiu da empresa, como ela conta nesse post no Instagram.

E sobre a série da Netflix?

Imagem retirada daqui.

Em 2016 a Netflix anunciou que iria adaptar o livro Girlboss para uma série de mesmo nome. Após uma temporada a série foi cancelada e recebeu várias críticas negativas, principalmente em relação à personalidade vista como narcisista da protagonista. Apesar da série deixar bem claro, em todos os episódios inclusive, que é apenas uma livre (bem livre) adaptação do livro, muitas pessoas não gostaram da história e das atitudes de Sophia na série.Eu maratonei a série nos últimos dias e posso dizer que gostei bastante. Sim, também me irritei com algumas atitudes de Sophia e a achei extremamente egoísta em vários momentos, mas não somos perfeitos e nem todos os personagens precisam ser. Às vezes só precisamos mesmo contar uma história e isso acho que a Netflix fez muito bem.A atriz principal, Brit Robertson, interpreta Sophia com maestria, sendo sim irritante várias vezes, mas também sabendo contrapor muita vulnerabilidade, coragem e todo o trabalho duro que ela estava realizando. Outra coisa que amei foi a trilha sonora e as referências nostálgicas (oi, The O.C.). Além dos personagens coadjuvantes que roubam a cena como a melhor amiga de Sophia, Annie, e o vizinho Lionel interpretado por ninguém menos que RuPaul (!).Me diverti muito e indico caso você esteja querendo assistir algo leve, mas com uma vibe empreendedora. Não acredito que irá se arrepender. E mesmo só com uma temporada, a série chega a um final satisfatório e redondinho, então você não termina com nenhuma sensação chata de falta de um final.

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Bom, por hoje é só. Esperamos que esse post tenha te ajudado de alguma forma! Você já leu ou assistiu Girlboss? O que achou? Vamos adorar saber sua opinião :)

15 Fev 2021

Girlboss: lições valiosas sobre o livro, a série e a história da Nasty Gal

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